O “normal” versus o patológico na Psicopatologia

"A medicina é uma das ciências mais intimamente ligadas ao conjunto da cultura, já que qualquer transformação nas concepções médicas está condicionada pelas transformações ocorridas nas idéias da época"  SIGERIST (H.-E.). Introduction à la médecine. Trad. fr. Paris: Payot, 1932.

                A Medicina vive transformando-se em função de achados fisiopatológicos, novos medicamentos e transformações epidemiológicas. Assim, constantemente surgem novos protocolos na categorização e tratamento das doenças. Os limites mutáveis e os variados vieses também estão presentes na Psiquiatria.

                O conceito de “normalidade” em Saúde Mental  sempre foi complexo e envolto por questões sociopolíticas. Além disso, desde a década de 50 do século passado, observa-se a constante interferência da indústria farmacêutica na descrição do que seria patológico ou não. 

                  A “normalidade” pode ser caracterizada como a ausência de doenças, como conceito utópico do que seria ser sadio, identificada como aquilo que é mais prevalente em uma população ou como um quadro em que o indivíduo consegue manter-se funcional para seu grupo social.

               Vale, portanto, a postura crítica dos profissionais da saúde e a percepção da vulnerabilidade do conceito de patológico. A homossexualidade,por exemplo, só foi retirada do DSM em  1980 depois de luta e mobilização social. O mesmo foi percebido com a inclusão do Transtorno de Estresse Pós Traumático no DSM-III após mobilização de psiquiatras e movimento popular (veteranos de guerra).

 

MATERIAL SUGERIDO:

Livros:

- O normal e o patológico – Georges Canguilhem . Disponível para leitura online em: http://www.observasmjc.uff.br/psm/uploads/O_Normal_e_o_Patol%C3%B3gico.pdf

- Medicalização em Psiquiatria – Fernando Freitas e Paulo Amarante. Editora Fiocruz.