História da loucura e história da psiquiatria

Philippe Pinel e a história da Psiquiatria

Nascido no vilarejo francês de Saint-André em 1745, Philippe Pinel graduou-se na Faculdade de Medicina de Toulouse e chegou a Paris em 1778 se tornando um expoente da Saúde Mental.

Em 1800, após dois anos como médico do hospício de Bicêtre, publica sua mais importante obra: "Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental ou a mania". É clara a concordância ideária de Pinel com os movimentos sociais e políticos do início do século XIX, como a própria Revolução Francesa e a Industrial.

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Disponível em: “http://broughttolife.sciencemuseum.org.uk/hommedia.ashx?id=91834&size=Small

 

Pinel reforçou a necessidade de consonância entre o conhecimento e técnica, criticando a falta de pesquisas e o discurso pouco alicerçado de grandes nomes da Saúde Mental de sua época. O autor questiona "dever-se-ia confundir os resultados verdadeiros da observação com os desvios de uma doutrina apegada aos preconceitos, ao espírito de hipótese, ao reino do pedantismo e da ignorância, à autoridade dos nomes célebres?" ¹. A obra pineliana, portanto, defende a observação cuidadosa dos fenômenos para posteriormente classificá-los e se possível explicá-los e iniciar tratamento condizente.

Em relação à Nosologia, Pinel agrupa os sinais psicopatológicos em quatro grupos principais, sendo eles: a mania sem delírio, a mania com delírio, a melancolia e a demência. Denominava de forma genérica os portadores de desordens psíquicas como "alienados mentais" descrevendo detalhadamente as alterações de humor e somáticas para cada grupo de transtorno.

Pinel instaurou a transformação dos hospícios em instituições de tratamento e não meramente de isolamento como eram tidas até então. Para tal, legitimou a "loucura" como entidade patológica caracterizada como distúrbio "no âmbito das paixões" e fundou os primeiros hospitais psiquiátricos europeus.

A hospitalização integral como forma inicial de tratamento também é legado pineliano que acreditava que o afastamento do doente do mundo externo era ferramenta para descrição diagnóstica precisa e distanciamento de interferências prejudiciais. Entretanto, para Pinel a hospitalização seria processo de observação completa do enfermo e cura, diferente do processo de reclusão social e morte dos hospícios.

 

¹ Pinel, P. Traité Médico-Philosophique sur l’Aliénation Mentale ou la Manie. Paris: Richard, Caille e Ravier, 1801.

 

 

 

 

VOCÊ SABIA: A gíria “pinel”, sinônimo de pessoa amalucada, surge no Brasil como referência ao Instituto Philippe Pinel, hospital psiquiátrico localizado no Rio de Janeiro.

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Instituto Philippe Pinel.

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