ESQUIZOFRENIAS E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS

Esquizofrenia
 
O que é?
Trata-se de um grupo de transtornos com diferentes etiologias, incluindo  pacientes com apresentações clínicas, cursos da doença e resposta ao tratamento  variáveis. No DSM-5, o transtorno é abordado como espectro da esquizofrenia.
 
História:
Ao longo de toda a história é possível encontrar descrições escritas dos sintomas comumente observados em pacientes com esquizofrenia. No entanto, foi no século XIX que a esquizofrenia ganhou destaque e começou a ser estudada. Destacamos aqui duas figuras importantes na psiquiatria e na neurologia que estudaram o transtorno: Emil Kraepelin (1856-1926) e Eugen Bleuler (1857-1939). 

KRAEPELIN
Benedict Morel (1809-1873), um psiquiatra francês, foi o primeiro a usar o termo "démence précoce" para descrever pacientes cuja doença começava na adolescência. Kraepelin traduziu o termo para "dementia precox", que enfatizava duas características: a primeira, "dementia" fazia referência às alterações na cognição e a segunda, "precox", referia ao início precoce do transtorno.
 
Os pacientes afetados apresentavam um curso deteriorante de longo prazo e sintomas clínicos como alucinações e delírios. Esses pacientes passaram a ser diferenciados daqueles que apresentavam alternância entre episódios distintos de doença e períodos de funcionamento normal, sendo classificados com psicose maníaco-depressiva. Um terceiro grupo de pacientes, não apresentavam o curso deteriorante da "dementia precox" nem os sintomas intermitentes de psicose maníaco-depressiva. A condição foi denominada paranoia, sendo caracterizada por delírios persecutórios persistentes. 
 
BLEULER
Foi quem cunhou o termo esquizofrenia em substituição ao "dementia precox" de Kraepelin. Ao contrário do conceito de Kraepelin, Bleuler enfatizou que a esquizofrenia não precisa ter um curso deteriorante. 

Os quatro As:
Bleuler identificou sintomas primários (fundamentais) específicos da esquizofrenia e secundários (acessórios), que considerava os principais sintomas indicadores do transtorno. 
Sintomas primários: incluíam distúrbios associativos do pensamento, especialmente frouxidão, distúrbios afetivos, autismo e ambivalência, resumidos como os quatro As: associação, afeto, autismo e ambivalência.
Sintomas secundários: alucinações e delírios.
 
Epidemiologia:
A esquizofrenia é um dos mais comuns dos transtornos mentais graves. Costuma ter início antes dos 25 anos, persiste durante toda a vida e afeta pessoas de todas as classes sociais. O início da esquizofrenia antes dos 10 anos ou após os 60 anos é extremamente raro. Sendo assim, em torno de 90% dos pacientes em tratamento têm entre 15 e 55 anos. É igualmente prevalente em homens e mulheres, diferindo quanto ao início e ao curso da doença. 

Homens:
Pssuem início mais precoce. Mais da metade dos pacientes com esquizofrenia do sexo masculino, têm sua primeira internação em hospital psiquiátrico antes dos 25 anos de idade. 
Idade de pico do início: entre 10 e 25 anos 
Alguns estudos indicaram que os homens têm maior probabilidade de sofrer sintomas negativos do que as mulheres.

Mulheres:
Apenas um terço dos pacientes do sexo feminino têm sua primeira internação em hospital psiquiátrico antes dos 25 anos de idade. Cerca de 3 a 10% das mulheres apresentam início da doença após os 40 anos. As mulheres exibem distribuição etária bimodal, com um segundo pico ocorrendo na meia-idade.
Idade de pico do início: entre 25 e 35 anos.
As mulheres têm maior probabilidade de ter melhor funcionamento social antes do início da doença. Em geral, o resultado para os pacientes do sexo feminino é melhor do que para os do sexo masculino. Quando o início ocorre após os 45 anos, o transtorno é caracterizado como esquizofrenia de início tardio.

Sinais e sintomas:
O portador de esquizofrenia pode apresentar sinais e sintomas variados, sendo comum alterações na percepção, na emoção, na cognição, no pensamento e no comportamento.  Essas manifestações podem ser expressas de diversas formas entre os pacientes e ao longo do tempo. 

Como diagnosticar?
O diagnóstico de esquizofrenia tem base inteiramente na história psiquiátrica e no exame do estado mental. Não existe um exame laboratorial para esse transtorno.