Natureza e Cultura

 

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A distinção entre estado de natureza e estado de sociedade é um dos temas de estudo mais polêmicos da Sociologia. Nesse sentido, o homem é tanto um ser biológico quanto um indivíduo social, pois, em relação às respostas que dá aos estímulos exteriores ou interiores, algumas dependem unicamente de sua natureza, outras de seu aspecto social. Porém, na maioria, as causas não são realmente distintas e a resposta do sujeito resulta numa integração das fontes biológicas e sociais de seu comportamento pois, frequentemente, os estímulos físico-biológico e psicossocial despertam reações do mesmo tipo. Assim, segundo Levi-Strauss, “a cultura não pode ser considerada nem simplesmente justaposta nem simplesmente superposta à vida. Em certo sentido, substitui-se à vida, e em outro sentido utiliza-a e a transforma para realizar uma síntese de nova ordem. ” (pag 42, linha 3-6)
 
Assim, não podemos negar nem subestimar a oposição entre Natureza e Cultura, pois isso nos priva de uma compreensão maior dos acontecimentos sociais. Afinal, onde acaba a natureza e onde começa a cultura?
 
A investigação prática do homem natural versus o homem cultural, nesse sentido, ainda é bastante controversa. Segundo Blumenbach, em estudo sobre as crianças selvagens, aponta que esse estudo é irreal, já que não se pode esperar algo concreto deste fenômeno, porque, ele nos lembra que o homem é o único animal que domesticou a si próprio. Logo, é plausível que um animal domesticado pelo homem, como um cachorro, por exemplo, quando fora de contato humano, retorna ao comportamento natural que era o de sua espécie antes desta intervenção da domesticação. Porém, o mesmo não ocorre com os humanos, porque não existe este “comportamento natural” da espécie, em que o indivíduo isolado possa retornar. Portanto, as crianças selvagens, mesmo sendo estranhas culturalmente, não representam um estado anterior.
 
Dessa forma, a dicotomia entre comportamento humano e o comportamento animal é a maior representação entre o embate da cultura e da natureza. Nesse sentido, o estudioso Levi-Strauss aponta a ausência de regra como o critério mais seguro que permita distinguir um processo natural de um processo cultural. (pag. 46, linha 25-26). Logo, quando há manifestação de uma regra, de uma norma, há a cultura, pois ela possui características particulares e relativas. Nesse raciocínio, o que possui caráter universal, caracterizado pela espontaneidade, é do âmago da natureza, pois o que é constante em todos os seres humanos não sofre interferência dos costumes, das regras e das instituições vinculadas aos grupos que os diferenciam e os classificam.
 
Assim, Levi-Strauss defende essa análise, com esses dois critérios, o da norma e o da universalidade, como a melhor forma de investigar, idealmente, os aspectos naturais e culturais dos sujeitos. Todavia, mesmo assim, ele nos lembra que essa teoria também possui certos limites de análise.
 
REFERÊNCIA:
Levi-Strauss, C. Natureza e Cultura. As estruturas elementares do parentesco. Ed. Vozes.

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